As doenças autoimunes da
tireoide, incluindo Hipotireoidismo de Hashmoto e Doença de Gravis
(hipertireoidismo), são as doenças autoimunes específicas de órgãos mais
comuns. Estas são doenças resultantes de uma combinação de predisposição
genética e fatores ambientais (iodo, selênio, medicamentos, irradiação,
tabagismo, infecções, stress, etc.), caracterizadas por infiltração de células
imunológicas no interior do corpo.
A tireoidite autoimune
crônica, ou tireoidite de Hashmoto (TH), possui uma incidência de 0,3 a 1,5
casos por 1.000 pessoas, sendo a principal causa de hipotireoidismo em áreas
repletas de iodo. É uma doença autoimune típica mediada por células
imunológicas T, caracterizada por bócio difuso (aumento do tamanho da glândula),
presença de anticorpos antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO) e/ou
antitireoglobulina (anti-Tg) no soro, grau variável de hipofunção tireoidiana e
infiltração intratireoidiana de linfócitos B e T com predomínio do subtipo T
helper CD4+ tipo 1 (Th1). O que isto significa? Que células imunológicas
produzidas por nós mesmos começam a atacar a tireoide.
Apesar de muitas
pesquisas sobre sua imunopatologia, a TH continua sendo uma doença incurável e
de natureza imprevisível, muitas vezes levando à destruição linfocítica da
glândula tireoide e à necessidade de reposição hormonal da tireoide para o
resto da vida o entanto, alguns estudos mostraram que intervenções dentro de
fatores de risco modificáveis podem melhorar os resultados imunológicos e
clínicos em pacientes com TH. Isto inclui, entre outras coisas, mudanças na
dieta, controle do estresse, suplementação de selênio e suplementação de
vitamina D.
A vitamina D desempenha
um papel significativo na modulação do sistema imunológico, melhorando a
resposta imune inata (aquele que nasce com a gente), enquanto exerce uma ação
inibitória no sistema imunológico adaptativo (aquele que vamos construindo ao
longo da vida). A maioria das células imunológicas compõe funções de proteção na
glândula, e como exemplo, temos as células apresentadoras de antígenos, as APCs,
onde a 1,25-dii-hidroxivitamina (1,25(OH)2D) inibe a expressão superficial de
antígenos, e previne a diferenciação e maturação de células imunológicas
conhecidas como células dendríticas DCs, bem como sua ativação e sobrevivência,
levando à diminuição apresentação de antígeno e ativação de células T. Isto
significa que o ataque que as células imunológicas fazem e caracterizam um
aspecto autoimune na tireoide, são reduzidos na presença de vitamina D, ou
seja, a tireoide se torna protegida na presença da vitamina D. A capacidade da
1,25 (OH) 2D de suprimir o sistema imunológico adaptativo promove a tolerância
imunológica e parece ser benéfica para uma série de doenças autoimunes.
@dratatianyfaria
Referências:
1.Int
J Health Sci (Qassim). 2013 Nov; 7(3): 267–275.
2.Nutrients
2023, 15(14), 3174; https://doi.org/10.3390/nu15143174