Atualmente,
a cafeína é uma das substâncias mais consumidas, estando presente em diversas
plantas e produtos. Tem efeitos variáveis no corpo humano, e sua atividade
afeta uma variedade de sistemas, incluindo o sistema nervoso central, sistema
imunológico, sistema digestivo, sistema respiratório, trato urinário etc. Estes
efeitos dependem da quantidade, do tipo de produto no qual a cafeína está
contida, e nas diferenças individuais entre as pessoas (sexo, idade, dieta
etc.). Vários estudos têm coletado, apresentado e analisado as informações
disponíveis, incluindo as últimas descobertas sobre o impacto da cafeína na
saúde humana e no funcionamento dos sistemas do corpo humano, levando em
consideração o papel da cafeína em doenças individuais. Há muitos trabalhos que
falam sobre os aspectos do consumo de cafeína e as propriedades curativas em
doenças como asma, doença de Parkinson, entre outras, não esquecendo os efeitos
negativos do excesso de cafeína (por exemplo, em pessoas com hipertensão,
crianças, adolescentes e idosos).
O
consumo médio de cafeína de todas as fontes chega a 76 mg/pessoa/dia; nos
Estados Unidos e Canadá, é de aproximadamente 210–238 mg/pessoa/dia e excede
400 mg/pessoa/dia na Suécia e Finlândia. Um estudo realizado por Conway relatou
que em 2020-2021, o consumo de café foi de cerca de 166,63 milhões de sacas de
60 kg em todo o mundo. Esse grande interesse pelo café se deve aos seus
atributos gustativos e efeitos estimulantes, além da cultura e hábitos das
pessoas em muitos países. Devido aos tempos e à cultura em que vivemos, a
presença dos rituais do café no nosso quotidiano não nos parece particularmente
surpreendente. No entanto, é incrível que um humilde arbusto tenha enrolado
seus galhos em todos os continentes. Curiosamente, apesar de um consumo tão
grande de cafeína, a pesquisa mostra que é mais um hábito do que um vício
compulsivo.
Muitos
suplementos são construídos tendo a cafeína como ativo principal, e isto se dá
pelos efeitos no sistema musculoesquelético. A capacidade da cafeína para
melhorar o desempenho do exercício e as funções cognitivas torna-a um
suplemento dietético muito comum na nutrição desportiva. Sugere-se que o
mecanismo mais importante da atividade da cafeína no trabalho muscular seja o
antagonismo dos ARs, ou seja, pelo bloqueio dos receptores de adenosina, um
tipo receptor que tem a capacidade de quando ativado, estar envolvido com a
facilitação da liberação de neurotransmissores no sistema nervoso central.
Prevenir
a diminuição da atividade neuronal pelo bloqueio dos ARs está associado à
possibilidade de aumentar o recrutamento de fibras musculares. Outro mecanismo
do efeito da cafeína é a abertura dos canais iônicos RyRs, principalmente nos
músculos e miócitos. Existe uma reserva de cálcio no retículo sarcoplasmático
(RS), uma organela que compõe a célula, e que pode ser adicionalmente liberada
na presença de cafeína, resultando em aumento da velocidade e força muscular. A
cafeína pode aumentar a contratilidade durante contrações submáximas através da
indução da liberação de cálcio do RS e inibição de sua recaptação. A capacidade
da cafeína de aumentar a adrenalina, liberar íons de cálcio, melhorar a bomba
de sódio/potássio ATPase e reduzir a percepção da dor parece estar diretamente
relacionada ao desempenho esportivo aprimorado. A cafeína também pode ter um
efeito positivo direto na atividade mecânica do músculo esquelético. Isso foi
demonstrado por Domaszewski e colaboradores, que estudaram 40 jogadores
profissionais de handebol masculino que consumiam regularmente produtos ricos
em cafeína, dando-lhes cafeína na dose de 9 mg/kg de peso corporal. Os autores
observaram melhora no tempo de contração e redução do deslocamento máximo no
grupo testado.
Em
conclusão, a influência da cafeína no funcionamento dos sistemas muscular e
esquelético é importante no esporte, principalmente por sua capacidade de
melhorar o desempenho no exercício e as funções cognitivas por antagonismo dos
ARs, abertura dos canais RyRs e indução da liberação de cálcio. Os cientistas
têm focado sua atenção em atletas para demonstrar ou excluir a potencial
natureza dopante dose-dependente da cafeína, no entanto, sua ação também deve
ser analisada no contexto de outros esportes de força. Em relação à
contribuição da cafeína para algumas doenças, não foi possível mostrar um
efeito sobre o risco de doenças musculares e ósseas (por exemplo, osteoporose),
mas essa área de pesquisa ainda não foi completamente explorada, e muito mais
pesquisa é necessária para poder tirar conclusões mais construtivas.
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Autora: Dra. Tatiany Faria
@dratatianyfaria
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